Visitar Santa Maria Novella é uma das atividades imperdíveis a serem feitas em Florença.

Visitar Santa Maria Novella é apreciar arquitetura medieval e renascentista, afrescos da melhor qualidade e intrinsecamente ligados à história da cidade, que são testemunhas do período que mais vai alterar a urbanização de Florença: o século XIV com a chegada das ordens mendicantes.

Breve História da construção da igreja
O fundador do convento foi Giovanni da Salerno e tradicionalmente conhecidos como Fra Sisto e Fra Ristoro se chamam os dois arquitetos da ordem dos domenicanos que iniciaram a reconstruir uma pequena igreja que ficava fora dos muros da cidade: Santa Maria delle Vigne (em português, Santa Maria das Videiras), no finalzinho do século XIII.

A igreja ainda terá dois grandes nomes que contrubuirão com a sua construção: Jacopo Talenti e Leon Battista Alberti.

Alberti transformará a fachada gótica em renascentista, equilibrando o segundo registro, alto demais em relação à largura da igreja e criando assim um equilíbrio de grande harmonia. Hoje podemos definir este seu trabalho como um enorme obraprima do renascimento florentino.
Quem patrocinou a fachada de Alberti no “momento x”, foi Giovanni di Paolo Rucellai, rico comerciante, no ano de 1458. Sublinho o “momento x” pois no ano de 1459 Florença hospedou o maior evento do século, que ficou conhecido como o Concilio de Florença, uma enorme renunião do clero do Ocidente e do Oriente e que tinha como objetivo unir ambas as Igrejas, separadas a partir da cisão de 1378, em decorrência do Cativeiro de Avignon.

A igreja será consagrada somente em 1420!

Afrescos de Santa Maria Novella
Esta igreja é repleta de afrescos interessantíssimos, de valor histórico e artístico, realizados entre os séculos XIII (desde as lunetas de Duccio na Capela Rucellai!) e XV, mas vamos ao principal:

A “Trinità” de Masaccio
Apaixonados por arte não podem deixar de ver a famosa “Trinità” do Masaccio, afresco cuidadosamente coberto por Vasari na Contra-Reforma, agora restaurado, no seu máximo explendor. Proporções e perspectiva matemática caracterizam este afresco realizado pouco antes que o grande gênio morrise.

Capela Strozzi
Família tradicionalmente em contraposição aos Medici, Filippo Strozzi encarregou Filippino Lippi para realizar a decoração da sua capela.

Temos estórias de São João Evangelista, e, naturalmente, São Filipe. Talvez seja o meu afresco preferido dos ciclos renascentistas de Florença; o grande Filippino tem afrescos também em Roma, a linda Capela Carafa na Santa Maria Sopra Minerva.


Diria que aqui o menino-prodígio, Filippino Lippi, filho de artista (Filippo Lippi) se supera com uma poesia carregada de elementos clássicos, cores vivas e até um certo humor. Não direi que Filippino é manierista, pois não o é, mas a estrada que está abrindo na História da Arte é esta mesma! Afrescos de cair o queixo.

Capela Tornabuoni
No espaço mais nobre de uma das igrejas mais nobres de Florença, não poderíamos ter uma família do segundo plano da história da cidade, e de fato os Tornabuoni foram extremamente importantes durante o Renascimento. A capela é dedicada à Virgem da Assunção.

Aqui podemos “conhecer pessoalmente” toda a alta sociedade florentina do século XV e procurar a mão de um Michelangelo criança, pois nesta idade ele já estava na bottega, ou seja, na oficina do Ghirlandaio.

Seus afrescos contam, na parede da direita, estórias de São João Batista, na parede da esquerda estórias da Virgem e no centro uma série de vitrais de autoria também de Ghirlandaio e oficina, com estórias da Virgem Maria e Santos.

Cappellone dos Espanhóis
Estrutura antiquíssima do complexo Santa Maria Novella. Na segunda metade do século XIV, Andrea di Buonaiuto foi encarregado de finalizar afrescos (1365-67) tipicamente domenicanos, isto é de cunho extremamente intelectual, para o capitolo, isto é, para o salão utilizado pelo clero desta igreja para reuniões.
O tema é a “Paixão de Cristo” no centro, a “Igreja Triunfante” à esquerda e a “Igreja MIlitante” à direita.

O resultado deste ciclo de afrescos é de importância histórica, onde são representados vários personagens relevantes da sociedade florentina, como o papa, o imperador e diversos artistas, como Giotto, Lappo e Arnolfo de Cambio, Dante Alighieri, Beatriz, Petrarca e Laura, Boccaccio e Fiammetta, inclusive uma proposta para a cúpula da catedral, licitação à qual o artista dos afrescos tinha partecipado sem sucesso.

Os Pátios de Santa Maria Novella
Da nave à esquerda acessamos o Pátio Verde, uma vez maravilhosamente afrescado com estórias do livro da “Gênesis”, hoje quase sem decoração por causa do tempo e da grande enchente de 1966. Da qui podemos ir:
- ao Pequeno Pátio dos Mortos (Chiostrino dei Morti) – sepulturas e alguns afrescos do Orcagna
- à Capela dos Ubriachi e área musealizada anexa – afrescos destacados e restaurados do Pátio Verde, Paolo Uccello incrível!
- Cappellone dos Espanhóis – Andrea di Buonaiuto (1365-67), iconografia de Fra Zanobi Guascone
- ao Pátio Grande – Afrescos do século XVI, Bernardino Poccetti, Alessandro Allori e Santi di Tito

Afrescos medievais do Orcagna (Capela Strozzi di Mantova), restos de afrescos de Duccio e uma enorme quantidade de afrescos renascentistas de primeira linha fazem desta igreja um prato cheio para quem é apaixonado por arte, que aqui podem ser apreciados sem a multidão de outras igrejas mais famosas. Esta igreja é um dos highlights de Florença que você não pode perder desde à sua primeira viagem, e rever quando retornar!

O tempo de permanência dentro desta igreja para ver a arquitetura e os principais afrescos é de aproximadamente 1-1,5h
Endereço: Piazza Santa Maria Novella, 18 50123 – Site: https://www.smn.it
Horário de visita: olhar no site oficial: https://www.smn.it/it/visita/
Ingressos: € 7.5 inteiro e € 5 para crianças de 11 a 18 anos não completados.
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